"Dor, Equílibrio e Propriocepção"

Sistema Cognitivo
"Os homens deveriam saber que é do cérebro apenas, e de nenhum outro lugar, que vêm as alegrias, as delícias, o riso, as afeições, as tristezas, as lamentações e o desespero e é através dele que adquirimos sabedoria e conhecimento, vemos e ouvimos, sabemos o que é certo ou errado, o que é bom ou mal, o que é doce e o que é insípido" (Hipócrates, 460 aC - 377 aC, médico grego considerado o “pai da medicina”).
Cognição é o ato ou processo de conhecer, ou o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação e na compreensão para o julgamento através do raciocínio baseado no aprendizado. Assim, cognição, mais do que conhecer, é a capacidade ativa de construir conhecimento.
O termo cognição vem do latim cognitione, que significa a aquisição de conhecimento através da percepção, mas ainda está longe o dia em que seja completamente entendida.
Percepção é uma função do sistema nervoso central que atribui significados aos estímulos sensoriais (visão, audição, olfato, paladar e tato, captadas pelos órgãos dos sentidos), a partir das experiências passadas e memorizadas. É através dessa capacidade que os indivíduos processam (aquisição + organizção + interpretação) as impressões sensoriais de forma a entender o meio em que vive.

A percepção de cores é um dos aspectos da percepção visual.
Em resumo, cognição poderia ser definida como um conjunto de ferramentas desenvolvidas pelos organismos para lidar com o ambiente ao redor. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive sem perder a sua identidade.
São denominadas de ciências cognitivas aquelas que têm como instrumento de estudo os comportamentos psicobiológicos humanos, que tem como objetivo principal compreender o pensamento e a inteligência humana, além de tentar descrever, explicar e simular suas principais capacidades, que são a percepção, o raciocínio, a atenção, a memória, o juízo, a imaginação, o pensamento e o discurso (denominados de processos cognitivos) além da coordenação motora, a capacidade de planificação e a linguagem. De modo geral, estas tarefas são de responsabilidade das Neurociências, Inteligência artificial, Filosofia, Psicologia e Lingüística.
Pensamento
Segundo o dicionário Aurélio, pensamento é o processo mental que se concentra nas idéias, ou o poder de formular conceitos.
Aliado às propriedades cognitivas, o pensamento é um processo que implica em manipulação das percepções e dos conhecimentos, resultando em comportamentos direcionados a resolver problemas ou dirigidos em busca de soluções.
São propriedades cognitivas:
Atenção
A capacidade de concentração sobre partes selecionadas do todo, conferindo aos elementos escolhidos nitidez e clareza. Pode ser involuntária, passiva e espontânea, determinada por estímulos externos, ou voluntária, ativa e intencionalmente determinada.
Juízo
Ato de consciência pelo qual se afirma ou se nega algo, ou seja, implica sempre numa exigência de verdade, correta ou não.
Raciocínio
A capacidade de conectar juízos, de forma que o último elo da cadeia seja conseqüência inevitável do anterior, ou seja, o desenvolvimento ordenado do pensamento com o objetivo de uma conclusão coerente.
Discurso
A comunicação humana ordenada do pensamento ou o poder de pensar logicamente e que requer o uso coordenado da voz e das capacidades lingüísticas.
Memória
A capacidade cerebral, intelectual, de adquirir, armazenar e recuperar informações que podem ser idéias, imagens, expressões e conhecimentos adquiridos.
A memória é uma faculdade cognitiva importante porque é a base da aprendizagem e é através dela que se dá significado ao cotidiano e se acumulam experiências.
Imaginação
Processo mental que consiste na reavivação de memórias adquiridas em percepções anteriores (imaginação reprodutiva) ou em combinações destas imagens em novas unidades (imaginação criativa).
A imaginação criativa pode ser de dois tipos: a fantasia, que é relativamente espontânea e incontrolada e pode ser exemplificada pelas manifestações artísticas e a imaginação construtiva, que não é espontânea e controlada por objetivos concretos e pode ser exemplificada pela ciência e pela filosofia.
Características do distúrbio cognitivo comportamental
O cérebro possui como uma de suas principais características ser bem informado sobre o que se passa no resto do organismo e sobre o meio ambiente em que este organismo está inserido, mas não menos importante é sua capacidade de programar e executar respostas que lhe proporcionem a adaptação ao meio.
"É interessante contemplar a margem densa, vestida com muitas plantas de muitos tipos, aves cantando nos arbustos, insetos diversos borboleteando e vermes rastejando na terra úmida e refletir que estas formas de construção elaborada, tão diferentes umas das outras e dependentes entre si de forma complexa, foram todas produzidas pela ação de leis que nos rodeiam. Estas leis, no seu sentido mais lato: crescimento com reprodução; hereditariedade que está quase implícita na reprodução; variabilidade originada pela ação indireta e direta das condições externas da vida e pelo uso e desuso; uma taxa de aumento populacional tão elevada que leva à luta pela vida e como conseqüência desta à seleção natural, originando a divergência de caracteres e a extinção das formas menos aptas. Assim, da guerra da natureza, da fome e da morte, surge o objeto mais admirável que somos capazes de conceber, nomeadamente, a produção dos animais superiores. Existe grandeza nesta visão da vida, com os seus vários poderes, tendo sido originalmente insuflada em algumas poucas formas ou em uma só; e que, enquanto este planeta seguiu os seus ciclos de acordo com as leis fixas da gravidade, desse início tão simples, inúmeras formas mais belas e mais maravilhosas foram geradas, e ainda são, através da evolução" (Parágrafo final de The Origin of Species de Charles Darwin, publicado em 1859, em tradução de João Alexandrino).
O que caracteriza esse distúrbio é a aberração na maneira que o paciente interpreta a realidade, que é diferente da realidade padrão dos indivíduos não doentes. Como conseqüência, seu comportamento será diferente do espectro esperado, além de outros sintomas que podem ocorrer na dependência do distúrbio apresentado e que, costumeiramente, causam sofrimento, além de interferir negativamente nas atividades rotineiras, afetando a qualidade de vida.
A terapia cognitivo comportamental
A aplicação deste tipo de tratamento tem se expandido, bem como a literatura relacionada disponível. Pode ser utilizada em pacientes portadores de depressão, desordem do pânico, agorafobia, estresse pós-traumático, transtorno da ansiedade generalizada, fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo, anorexia, hipocondria, desordem da personalidade, comportamento violento e distúrbio sexual.
O tratamento consiste em tentar corrigir as alterações relacionadas ao sistema cognitivo com seus conseqüentes distúrbios de comportamento.
Para isso o terapeuta deve, em conjunto com o paciente, tentar identificar os distúrbios relacionados ao conhecimento da realidade, responsáveis pelos comportamentos indesejáveis e pelo sofrimento e estimulá-lo, empregando técnicas específicas, a encontrar novos comportamentos.