"Dor, Equílibrio e Propriocepção"

Controle Postural em Idosos
“O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã”. (Leonardo da Vinci, 1452 – 1519, cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Precursor da aviação e da balística, é descrito frequentemente arquétipo do homem do Renascimento, é considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e, possivelmente, a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido).

De acordo com as alterações funcionais advindas do envelhecimento, idosos têm maior dificuldade para a manutenção da postura corporal. A instabilidade e os desequilíbrios posturais se manifestam pela perda de reflexos e pelo aumento na oscilação do corpo, que acabam comprometendo a marcha e predispondo às quedas (ZINNI; PUSSI, 2003).
As quedas, por sua vez, estão intimamente relacionadas à questão da qualidade de vida (SOUZA; FIGUEIREDO, 2002). O impacto causado pelas quedas se dá, principalmente, pela dificuldade de realizar as atividades diárias e maior dependência de outras pessoas, tendo como resultado a diminuição da qualidade de vida (FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA JÚNIOR, 2004).
No Brasil, estatísticas demonstram que cerca de 30% dos idosos caem ao menos uma vez por ano, cifra que pode ultrapassar 50% entre as pessoas acima de 85 anos. A principal e mais grave consequência das quedas são as fraturas, que geram mais declínio funcional e maior risco de novas quedas, além de depressão e aumento da mortalidade. Dentro de casa ocorre o maior número de quedas, cerca de 70% dos casos. (RIBEIRO; CAMPOS FILHO; BEZERRA, 2012).
O processo natural de envelhecimento leva à redução da visão e da audição, ao aumento das deformidades músculo-esqueléticas à diminuição da massa muscular e ao aparecimento de doenças crônico-degenerativas, resultando em alterações do equilíbrio e da mobilidade, progressivamente. A habilidade do sistema nervoso central em realizar o processamento dos sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos, responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal fica mais comprometida, bem como diminui a capacidade de modificação dos reflexos adaptativos. O indivíduo torna-se mais frágil. Esses processos degenerativos são responsáveis pela ocorrência de vertigem e/ou tontura (presbivertigem) e de desequilíbrio (presbiataxia). (RUWER; ROSSI; SIMON, 2005).
A perda ou a distorção da informação sensorial usada para manter o equilíbrio, tanto em situações estáticas quanto dinâmicas, aliada a alterações no processamento central no sistema efetor, podem causar um aumento da oscilação e/ou uma falha ou um atraso nas respostas corretivas, podendo gerar quedas. É difícil isolar uma única causa de queda para um determinado idoso. Em geral as quedas em idosos têm fatores múltiplos de contribuição, incluindo-se fatores intrínsecos (fisiológicos e músculo-esqueléticos) e fatores extrínsecos (ambientais).
As tonturas são sintomas extremamente frequentes em todo o mundo, ocorrendo em todas as faixas etárias, principalmente em adultos e idosos. Até os 65 anos de idade, a tontura é considerada o segundo sintoma de maior prevalência mundial. Após essa idade, seria o sintoma mais comum. Em indivíduos com idade superior a 75 anos, a prevalência seria da ordem de 80% (GANANÇA; CAOVILLA; GANANÇA, 1996).
Um dos principais fatores que limitam a vida do idoso é o desequilíbrio. Na maioria dos casos, o desequilíbrio, como as quedas, não pode ser atribuído a uma causa específica, mas, sim, a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da metade dos casos o desequilíbrio inicia entre os 65 e os 75 anos e cerca de 30% dos idosos apresenta os sintomas nessa idade. As quedas são as consequências mais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção, sendo seguidas por fraturas, deixando os idosos acamados por dias ou meses e sendo responsáveis por 70% das mortes acidentais de pessoas com mais de 75 anos (BITTAR; PEDALINI; BOTTINO; FORMIGONI, 2002).
As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corporal têm grande impacto para os idosos, podendo levá-los à redução de sua autonomia social, uma vez que acabam reduzindo suas atividades de vida diária, pela predisposição a quedas e fraturas, trazendo sofrimento, imobilidade corporal, medo de cair novamente e altos custos com o tratamento de saúde (RUWER; ROSSI; SIMON, 2005).
Prevenção de quedas
O indivíduo idoso está exposto a situações de risco de quedas que dependem de muitas variáveis, que vão desde situações referentes ao meio ambiente e até do seu comportamento.
Situações de risco dentro de casa:
Tapetes soltos em salas, banheiros, corredores...
Móveis em locais que precisam ser desviados ao transitar.
Animais de estimação próximos.
Escadas sem corrimão.
Ambientes com pouca iluminação.
Levantar durante a noite e sem fácil acesso para acender as luzes.
Uso de escada para alcançar objetos guardados no alto.
Piso do banheiro escorregadio.
Sapatos de solados escorregadios ou com salto alto.
O uso de meias, chinelos, tamancos, sapatos de salto alto aumentam a instabilidade na marcha e prejudicam o equilíbrio. O uso de sapatos fechados, de saltos de até 2,5cm de altura, com solados antiderrapantes ou tênis aliviam o problema.
Ergonomia ambiental
Quarto
Interruptor de luz ou um abajur ao lado da cama para não levantar no escuro.
Tapetes presos ao chão.
Camas muito baixas e colchões muito macios aumentam a dificuldade para levantar ou deitar.
Cadeiras e poltronas com apoios de braço laterais e com altura adequada para sentar e levantar;
Banheiro
Aumentar a altura do vaso sanitário.
Instalar barras de apoio laterais e paralelas para facilitar ao sentar e levantar.
Utilizar tapetes emborrachados e antiderrapantes.
Instalar barras de apoio dentro do box para apoio e facilitar a movimentação.
Colocar uma cadeira resistente e firme dentro do box se tiver dificuldade de se abaixar durante o banho.
O uso de lâmpadas fluorescentes e de pia e assento do vaso com cores diferentes do piso facilitam a visualização.
Cozinha e área de serviço
Não ter armários muito altos que necessitem de bancos ou escadas para alcançar os objetos.
Utilizar tapetes emborrachados e antiderrapantes.
Em toda a casa
Tenha sempre a casa bem iluminada. Certificar-se de que todos os interruptores da casa podem ser facilmente alcançados, mesmo se estiver no chão.
Luzes com sensores de movimento em locais de pouca luminosidade e barras de apoio podem ser úteis.
Não deixar pequenos objetos espalhados pelo chão, como brinquedos de crianças, fios ou
extensões elétricas.
Retirar pequenos móveis que podem ser barreiras ao livre acesso entre os locais da casa.
Evitar sofás muito baixos e/ou muito macios para reduzir a dificuldade para se levantar.
Nunca subir ou descer de escadas sem acender a luz. Se tiver escadas em casa, elas devem ser livres de objetos e possuírem corrimão dos dois lados. Fitas antiderrapantes nos degraus e interruptores de luz, na parte inferior e superior.
Dicas
Prestar mais atenção quando estiver em lugares que não lhe são familiares ou que são mal iluminados. Andar devagar.
Ter atenção ao piso, principalmente nos dias de chuva.
Deixar números de telefone de familiares, amigos e/ou do serviço de Home Care em locais de fácil acesso, para ligar em casos de emergência.
Dispositivos de alarme instalados junto ao corpo ou próximo do idoso para facilitar o acesso à busca de ajuda.
Tratamento:
Restabelecer o funcionamento do Sistema Proprioceptivo método de Narcisa Pavan, com instrumento desenvolvido por ela chamado Zefh`s e prática regular de atividade física, preferencialmente supervisionada por profissional capacitado.
Na prevenção de quedas, estudos mostram que exercícios para ganho de força muscular, equilíbrio e alongamento são de comprovado benefício. Isto pode ser obtido através da prática de musculação, fisioterapia motora e tai chi chuan, seja em academias, parques ou na sua própria casa. (RIBEIRO; CAMPOS FILHO; BEZERRA, 2012).